Cirurgiões-dublês - Postado por Jairo Len

Li na Folha.com uma reportagem muito interessante, "desmascarando" o que nós médicos sabemos que sempre existiu: os cirurgiões-dublês - são os médicos que fazem as cirurgias por seus colegas.
Exemplo: paciente vai a um otorrinolaringologista e precisa operar um cisto na laringe. Como ele não sabe fazer isso super-bem, ele chama um outro otorrino que vai realizar a cirurgia por ele... O paciente, não fica sabendo, obviamente porque este outro otorrino só aparece lá no centro cirúrgico.
É comum isso em oftalmologia, também (quem opera catarata sabe bem disso...), ortopedia, cirurgia plástica...e a lista deve ser infinita.

Pode até parecer uma atitude "responsável" do médico titular - mas é o supra-sumo da falta de ética - neste caso com o paciente. O CRM alega que a prática é anti-ética: o paciente tem que ser avisado que vai ser operado por outro médico. Mesmo nos casos em que o cirurgião só fará o "tempo-nobre" da cirurgia o doente deve ser avisado que quem vai abrir, fechar, ficar o tempo todo na sala cirúrgica é alguém da equipe, com nome e sobrenome.

A questão é ética, não técnica. Ideal é sempre que o que saiba fazer melhor é que o faça. Mas o paciente não precisa pagar caro, muitas vezes, pela lebre, e ser operado pelo gato. Sem saber.
O CRM, para variar - apesar de achar falta de ética - não parece muito preocupado com o fato.

A equipe...

Comentários

  1. Isso é visto na prática cirúrgica atual de duas formas: de um lado são cirurgiões mais experientes e com maior habilidade técnica que fazem a cirurgia no lugar do médico inexperiente, para ter um melhor resultado cirúrgico,com menor risco de complicações...nesse caso o paciente acaba se beneficiando por ser operado por um cirurgião melhor que aquele que ele contratou, mesmo sem saber!Ainda bem que o inexperiente teve humildade de convidar outro para esse papel ao invés de tentar operar sozinho e provocar iatrogenias! Por outro lado, temos os cirurgiões iniciantes que vivem do papel de "eternos auxiliares"...ao terminar sua residência, muitos jovens cirurgiões acabam vivendo do auxílio que prestam a cirurgiões mais antigos e/ou renomados até adquirir certa experiência para seguirem seus rumos sozinhos...sendo assim, os cirurgiões mais antigos acabam delegando partes da cirurgia ou até mesmo cirurgias completas, muitas vezes realizadas em salas simultâneas, para a "(ir)responsabilidade" destes iniciantes...obviamente sem o paciente sonhar que está sendo operado por um "aprendiz" e pagando um preço alto (em duplo sentido!) por ter contratado o "bam-bam-bam" da especialidade...Infelizmente tem muito cirurgião por aí SEM CONDIÇÕES TÉCNICAS DE ESTAR ATUANDO, mas faltam meios adequados de avaliação do especialista quando este termina a residência..A cirurgia exige HABILIDADE PRÁTICA e isso não é avaliado pelos conselhos de medicina/MEC ou sociedades brasileiras que conferem os titulos de "especialista"...

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