Cama Compartilhada - Postado por Jairo Len

Não ia comentar uma reportagem que li no UOL, sobre "cama compartilhada"... Mas algumas mães me perguntaram o que acho do assunto.

A reportagem começa assim:
"Você ignorou todos os conselhos e trouxe seu bebê para dormir na cama de casal? Não se sinta envergonhada, você não está sozinha. Esse método, que passou a ser chamado de cama compartilhada, vem ganhando seguidores. O pediatra especializado em neonatologia ..., é um dos defensores do sistema. Segundo ele, a cama compartilhada pode trazer benefícios tanto para os pais quanto para as crianças".

Bom... Começo dizendo que tudo, em pediatria, que é denominado de "compartilhado", já mostra uma tentativa de solução de um problema. Um nome bonito para um enrosco. Vide guarda compartilhada - uma solução para filhos de pais separados, que, neste caso, tem feito inúmeros pais (homens) acharem que tem direitos acima da lei sobre os filhos - pressionando sobremaneira as mães (em 99% detentoras da guarda dos filhos).

Voltemos à cama compartilhada. Sou 100% contra.
Exceto quando há qualquer problemas de saúde ou emocional com a criança, ela não deve dormir na cama dos pais.
Primeiro e irrefutável argumento: dormir na mesma cama que adultos aumenta o risco de mortalidade em crianças, tanto por sufocamento como por morte súbita. Se devemos evitar paninhos e brinquedos na cama, imagina dormir com uma pessoa de 60 kg de um lado e outra de 85 kg do outro. Edredons, travesseiros, etc...

Na mesma reportagem, uma voz lúcida:
"Não é seguro. Os pais não têm controle dos movimentos enquanto dormem. Não recomendo de jeito nenhum”, diz a pediatra e alergologista Ivani Mancini. Como alternativa aos pais que querem ficar perto da criança, Ivani recomenda colocar o bebê para dormir num carrinho ou bercinho no mesmo quarto. E só nos primeiro meses. Para Ivani, o bebê deve ser acostumado a dormir sozinho no berço desde cedo".

É claro que no blá-blá-blá todo da reportagem, uma mãe adepta à guarda compartilhada diz que "As decisões que tomo na minha casa são baseadas na vivência da minha família e no tipo de criação que escolhi, sabe? Existem inúmeras pesquisas que falam da vantagem de se ter a criança por perto, das vantagens de criar o bebê próximo e acolhido pelos pais.”
Concordo com a primeira parte: cada um faz o que quer na educação dos seus filhos. Free-will.
Mas a segunda parte, de forma alguma.
Não sei se por culpa ou outro problema que a psicanálise deve saber qual é, a maioria destas pessoas ligam estes hábitos errôneos (como amamentar até os 5 anos de idade e dormir na mesma cama) ao apego e forma de demonstrar que sentem mais amor que os demais pelos seus filhotes... Todo mundo que tem filhos sabe que não é bem assim, que não esse tipo de criação que mostra o quanto se ama os filhos.
Aliás, acho que uma das maiores formas de amor é conseguir educar os filhos, despindo-se das culpas cotidianas.

E a reportagem ainda elucida quando se fala da sexualidade dos pais. Como fica, uma vez que a criança está na mesma cama?
O pediatra que é a favor da cama compartilhada respondeu: "a cama compartilhada não interfere na sexualidade do casal. As pessoas sabem usar outros lugares.”
Ou seja: o casal sai do quarto, tranca seu filhinho dormindo lá dentro e vai para a sala. Não se esqueça de trancar também a área de serviço, a porta da cozinha e fechar as cortinas.

Mais uma vez... Kama-sutra versão cama compartilhada

Comentários

  1. Eu não acredito que exista um fórmula correta para se educar os filhos ( dentro de limites de segurança e bem estar, óbvio). O que existe são métodos que se aplicam a cada família. O que serve na sua casa talvez não sirva na minha e vice versa.

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  2. Marcia,
    Concordo PLENAMENTE com o que você colocou! Inclusive se você já leu meus outros posts sobre o assunto "educação" sabe que é exatamente isso que penso: cada um tem o seu modo de educar os filhos e isso deve ser respeitado.
    Inclusive, nesse post acima, escrevi:
    "Concordo com a primeira parte: cada um faz o que quer na educação dos seus filhos. Free-will."

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  3. exatamente, pais com problemas emocionais ou tentando over comensar algo, o resultado é sempre trágico

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